Terminou o Campeonato da Europa IPC de Atletismo, o resultado é positivo embora não seja perfeito.

Trabalhei muito para chegar a esta competição na minha melhor forma possível. Fui para o campeonato com a segunda melhor marca Europeia, mas sabia que estava preparado para vencer na prova de 400 metros.

Venci mas fui desclassificado, embora o meu "erro" apenas me tenha feito perder tempo, pois caso ele não acontecesse eu seria ainda mais rápido! Mas regras são regras, isto não me aconteceu só a mim aconteceu também a outros atletas e bem mais experientes que eu.

O que aconteceu?… É muito simples e vou tentar explicar desde o início o que se passou durante aqueles 65 segundos!

Eu tenho um arranque fraco devido a minha limitação física, mas após 80 metros, já tinha alguma vantagem sobre os adversários mais diretos, quando entro na primeira reta a velocidade já era cerca de 22kms/h e quando chego ao final ia a uma velocidade de 27.9 kms/h (nunca em nenhuma prova de pista atingi tanta velocidade), se repararem no vídeo da prova no fim da primeira reta quando eu bati com a mão no volante de pista para que a cadeira fizesse a curva, a roda da frente salta alguns centímetros para o lado de fora e eu deixo de puxar para ir corrigir e neste momento e porque a velocidade era tanta ao virar o volante ele vira mais que o que tinha de virar, levando-me a "perder" o controlo da cadeira, acabando ela por sair ligeiramente para o outro corredor. Aqui entrei em pânico pois sabia que poderia correr mal e durante o resto da prova fui a medo de voltar a fazer o mesmo erro, e quando estamos com medo e pensamento negativo atraímos as coisas negativas e elas acabam por acontece. Até ao final saí mais uma vez do meu corredor ficando ainda mais atrapalhado, nervoso, frustrado, aquilo não me podia estar acontecer!.. Mesmo assim não baixei os braços e dei o que tinha e o que não tinha até ao final, acabando por vencer pois como já disse aquela prova era minha, senão tivesse que deixar de puxar a cadeira 3 vezes teria feito entre 63, 64 segundos em vez dos 65. Tinha tempo para ganhar a prova tranquilamente, mas não me posso esquecer que fui para um Campeonato Europeu, onde na época de preparação fiz apenas 3 competições de 400 metros e a este nível ter tão poucas provas é impensável fazer-se bons resultados.

Espero que esta minha explicação vos faça perceber melhor aqueles 65 segundos que me custaram uma medalha de ouro e o que podia ser uma mudança muito significativa na minha carreira como atleta.

Nos 100 metros, embora tivesse também eu a segunda melhor marca da Europa, o desenrolar da prova de 400 metros condicionou e muito. Foi uma prova feita a medo, cheia de inseguranças, pois eu sabia que tinha um mau arranque e nos 100 metros por ser uma prova tão curta, bastava uma mão escorregar do puxador da roda para deitar tudo a perder. Arranquei mal e quando ao fim dos 80 metros com a visão periférica, vejo o atleta Russo á minha frente pensei que estava em quarto lugar, pois ele não é um atleta muito forte, mas arrancou muito bem, quando corto a meta e levanto a cabeça vejo apenas dois a minha frente, não sei se deixei cair algumas lágrimas de alegria ou tristeza, por não conseguir por em prática todo o trabalho feito nestes últimos meses.

Mas o balanço é positivo, a medalha de bronze só me vem dar força para continuar a trabalhar para ser melhor.

Resta-me agradecer o apoio que me tem dado, agradecer a minha amiga e treinadora Eduarda Coelho por tudo o que tem feito para me ajudar, e à minha esposa pela paciência e dedicação que comigo dá, a cada treino e competição onde está sempre presente.

Agora, bem agora vamos para um merecido descanso… não muito, apenas alguns dias para depois regressar aos treinos.

Vídeo prova 400 metros

Vídeo prova 100 metros

Boas Férias.

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